“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

SONETO ÍNTIMO OU SEGUNDO AUTO-RETRATO

a mim mesmo, júlio saraiva, homem do mundo - e aos meus mortos, therezinha e jaime, meus pais, com saudade, que me deram liberdade para tentar ser gente  - a eles consagro.

sou o silêncio de um navio cansado
poço fundo de tantos pesadelos
mas sonho sonhos bons mesmo sem tê-los
: sou conde num castelo abandonado

mas assim vou vivendo no ora-veja
debaixo das cinzas de quarta-feira
e sabendo que a vida é brincadeira
dou-me a qualquer mulher - se me deseja

se penso frevo canto marcha-rancho
e rio-me de mim - sinto-me ancho
sabendo enfim que a merda desta vida

não me fez quixote fez-me sancho
e mesmo olhando a dor desta ferida
valeu-me minha vida - foi vivida


na mesa de um bar da condessa de são joaquim,
meio bêbado, em 28-01-2010, logo pela manhã
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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