"Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras minha
Sem eu saber sequer
Porque sou o teu homem
E tu, minha mulher
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas
Com calma
Porque foste em minh'alma
Como o amanhecer
Porque foste o que tinha de ser."
letra do poeta vinícius de moraes com
música do maestro tom jobim
e asssim nos vamos descobrindo
como a criança adivinha seu brinquedo
achando todo dia dia lindo
desnudo-te achando que ainda cedo
beijo teus pelos e o teu rosto menina
e me perco sem vergonha em cada esquina
e cada vez estamos tão mais perto
dos deuses, em passos cegos de luz,
a noite suave desce para desvendar
todo o nosso infinito e eu, calada,
e com tua alma em minhas mãos, te fito.
julio saraiva e karla bardanza
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Tu e Eu
Tu e eu
Somos feitos
De tempestade
: nossas chuvas são
Apenas lirismo e toda
A solidão faminta.
Teus graves rituais,
Tuas palavras de mãos dadas
Com os sinônimos, eu sou
Paisagem cansada, tu és
Apenas ânimo.
Debruço para ler
Teu coração sempre inédito
E reatualizado, belo na
Utopia que me renasce
E tomo uns goles de ti,
Brindando a poesia que
Escorre pelos teus olhos.
Tuas serenatas
Quase me eternizam
E me deixam fraca.
Despejas teu coração
E eu tão nublada, chovo.
Tu és a graça
Que não consigo encontrar
Em mim, a ponte enluarada
Suspensa entre a poesia
E o marfim.
Para você,
Guardei pavê e ambrosia,
Todas as letras da fantasia,
Mas quase não sei dar vida
A tudo. Algo em mim
Nasceu mudo.
Então,
Fique comigo
Na ponta do meu iceberg
Ou no olho do melhor
Tufão. Não digas nada.
Apenas segure a minha
Mão.
Karla Bardanza
Para você Ju.
Somos feitos
De tempestade
: nossas chuvas são
Apenas lirismo e toda
A solidão faminta.
Teus graves rituais,
Tuas palavras de mãos dadas
Com os sinônimos, eu sou
Paisagem cansada, tu és
Apenas ânimo.
Debruço para ler
Teu coração sempre inédito
E reatualizado, belo na
Utopia que me renasce
E tomo uns goles de ti,
Brindando a poesia que
Escorre pelos teus olhos.
Tuas serenatas
Quase me eternizam
E me deixam fraca.
Despejas teu coração
E eu tão nublada, chovo.
Tu és a graça
Que não consigo encontrar
Em mim, a ponte enluarada
Suspensa entre a poesia
E o marfim.
Para você,
Guardei pavê e ambrosia,
Todas as letras da fantasia,
Mas quase não sei dar vida
A tudo. Algo em mim
Nasceu mudo.
Então,
Fique comigo
Na ponta do meu iceberg
Ou no olho do melhor
Tufão. Não digas nada.
Apenas segure a minha
Mão.
Karla Bardanza
Para você Ju.
domingo, 14 de novembro de 2010
APOLOGÉTICO
com os ferros
dos mistérios
deus fere os
hemisférios
_______________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
_________________
dos mistérios
deus fere os
hemisférios
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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domingo, 7 de novembro de 2010
PARA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESSEN
"Com a voz nascente a fonte nos convida
A renacermos incessantemente
Na luz do sol nu e recente
E no sussurro da noite primitiva"
(de um poema de sophia)
não devias morrer agora sophia
ainda não atravessei o mar
ainda não beijei teus olhos verdes
não segurei tuas mãos em conchas
mas esqueci meus poemas de amor
no entanto dormes sophia
e já não és mais uma mulher
mas uma criança
porque a morte nos dá o direito
do retorno à infância
cheiras à calmaria
pena que todo tempo seja breve
anunciam-te morta
não não não sophia não estás morta
estás apenas preparando
um poema para a eternidade
mas ninguém percebeu isso
enquanto dormes agora
___________________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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A renacermos incessantemente
Na luz do sol nu e recente
E no sussurro da noite primitiva"
(de um poema de sophia)
não devias morrer agora sophia
ainda não atravessei o mar
ainda não beijei teus olhos verdes
não segurei tuas mãos em conchas
mas esqueci meus poemas de amor
no entanto dormes sophia
e já não és mais uma mulher
mas uma criança
porque a morte nos dá o direito
do retorno à infância
cheiras à calmaria
pena que todo tempo seja breve
anunciam-te morta
não não não sophia não estás morta
estás apenas preparando
um poema para a eternidade
mas ninguém percebeu isso
enquanto dormes agora
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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SONETO
Por que este verbo dito no passado?
Ah, sobejos! Ah, cinzas do que fomos!
A noite a nos oferecer os gomos
O tempo sempre a nos olhar de lado.
O gesto oculto a despertar assomos
Do crime prestes a ser perpetrado;
O olhar covarde, por fim, debruçado
Sobre os retratos que hoje já não somos.
Que nos resta agora senão ver passar
A fria procissão dos nossos ossos?
O cortejo marcha, marcha sem parar...
De repente, saído dos destroços,
Vem um deus antigo, louco, a resmungar:
- Ai pecados meus! Ai pecados vossos!
____________________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Ah, sobejos! Ah, cinzas do que fomos!
A noite a nos oferecer os gomos
O tempo sempre a nos olhar de lado.
O gesto oculto a despertar assomos
Do crime prestes a ser perpetrado;
O olhar covarde, por fim, debruçado
Sobre os retratos que hoje já não somos.
Que nos resta agora senão ver passar
A fria procissão dos nossos ossos?
O cortejo marcha, marcha sem parar...
De repente, saído dos destroços,
Vem um deus antigo, louco, a resmungar:
- Ai pecados meus! Ai pecados vossos!
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010
RECREIO
na parede do quarto
a lagartixa traça centenas
de arabescos
o silêncio
- por brincadeira -
apaga
risco por risco
depois
aproveitando-se de si mesmo
corre
e desenha um enorme ponto de exclamação
no ar
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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a lagartixa traça centenas
de arabescos
o silêncio
- por brincadeira -
apaga
risco por risco
depois
aproveitando-se de si mesmo
corre
e desenha um enorme ponto de exclamação
no ar
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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