apresentei a ela alguns poetas
muitos já estavam mortos mas respiravam
nas páginas dos livros que escreveram
mostrei a ela como é fácil
ter uma estrela de estimação por perto
e uma lua sempre à mão
para acendê-la nas noites escuras
dividi com ela o ar
e mais ainda: levei-a até ao cais secreto
onde dormem os navios perdidos
mas não me culpo por nada disso
um dia ela foi sozinha ao cais
(conhecia o caminho e também as marés)
embarcou num desses navios perdidos
e nunca mais deu notícia
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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