“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

POEMA DA DIFAMAÇÃO DO POEMA

o poema deixa-se esparramar
na poltrona rasgada
imprestável
destinada ao lixo


última flor do lixo o poema

a merda sente nojo do poema
embora o poema seja a alma podre da merda

o poema faz um tour pela cracolândia de sampa
o poema desaba
na sarjeta
o poema grita pela boca
dos que
desabam
na sarjeta

o poema respira o hálito que sai
da boceta da puta mais fodida do parque dom pedro

o poema atravessa a zona do mercado municipal
o poema vai desaparecer
definitivamente
nas águas do tamanduateí
numa sexta-feira à tarde
debaixo
de um temporal

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
___________________

4 comentários:

  1. nossa....existem verdades que podiam nunca serem ditas....
    a gente vê o tamanho do estrago!

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  2. júlio, uma forma diferente de o dizer, é verdade mas mesmo assim está engraçado. muita asneira á mistura mas este aprovo

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  3. É o olhar do poeta que nunca deixou de ser jornalista, cumprindo seu dever de relatar a história da humanidade da qual é testemunha. Brilhante, preciso e comovente. Nelson Townes, Porto Velho, Rondônia, 18 de junho de 2010.

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  4. walkyria, flávio e nelson (meu velho companheiro de tantas andanças pelo jornalismo e pela noites de são paulo),

    agradeço a vocês pelos comentários. sejam sempre bem-vindos a este espaço.

    afeto,

    j.

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