“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BALADA EM VERSOS BRANCOS DO SER E DA MORTE

"caminho nos silêncios da casa
e na perseguição da luz
o olhar acende o pó da mobília."

- José Félix, in Teoria do Esquecimento -


não! a casa não é o que pensas
e nem onde sonhas morar
a casa é só um lamento
teu uivo de loba assustada
a casa em seu todo nada nos oferece

se me emprestasses um suspiro teu
por acaso eu ia dormir feliz
fazendo de conta que o vento
me veio contar uma história

era uma vez qualquer coisa...
e o final - ana - era quase sempre feliz

era uma vez ana
quando um dia segurei o teu queixo
e tu me devolveste um sorriso
foi numa quarta-feira de cinzas

era uma vez ana...

e havia no meio da história
um coelho que era dentuço
morreu na semana santa
traiu são judas tadeu
e vê só aí no que deu

era uma vez ana
um poeta a perder de vista
a morrer de medo
sem ter o olhar de drummond
sem a qualidade de bandeira
sem o deboche de o'neill

era uma vez uma praga
mas não deves dizer nada a ninguém
(guarda a rosa em segredo)


Oferenda:

era uma vez eu mesmo


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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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