“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PARA CERTA MOÇA

procuro por você no centro
agitado desta minha são paulo de concreto
sei que é impossível encontrá-la aqui
tolo no entanto insisto
esbarro nos transeuntes que passam apressados
tenho olhos de louco
converso sozinho e sigo a minha busca
na praça perto da biblioteca mário de andrade
encontro enfim sua sombra descansando num banco
sua sombra me oferece um sorriso
eu aceito o convite para sentar-me ao lado dela
damos algumas risadas
muitas risadas - rimos de tudo como se tivessemos 15 anos
posso ler o mar do rio de janeiro escrito nos olhos da sua sombra
a baía da guanabara
a lagoa rodrigo de freitas
o botafogo que já foi de garrincha
a tijuca
e são cristóvão - por que não? -
pena que sombra não sabe beijar
logo a tarde vai baixar
olhe meu bem o que me apavora são meus voos altos
não sei saltar de paraquedas
mais tarde talvez no escuro do meu quarto
eu pense em você e me masturbe
afinal temos agora apenas 15 anos

22-02-10

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Um comentário:

  1. Maravilhoso texto, mestre e parceiro Júlio.
    Me fez sentir saudade dos meus 15 anos.

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