“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

miragem do rosto ou três chances de eco

entrei e me viram
como soubessem algum segredo
sobre o amor da família um cochicho
e aquela

II
aquela mulher
aquela mulher tem meu rosto (e três chances aqui)
tem minha boca o meu chapéu
é alguém com meu sangue guardado no feltro
minhas pequenas distâncias entre vogais
como ser Eu em ão
como ser Eu na seguinte sentença
as coisas da nossa casa
morrem já pelas sementes
o seu sentido é romã
e quem se arvora no nome envelhece com ele
primeiro

III
das pernas partimos
de onde partimos, vaqueiro?
eu quero ser sua amiga como uma fratura
antes os ossos em linha
estalam sem sobressaltos até
aos confins de anfíbios
flutuam e oscilam nem
podem prender-se à verdade costela da frase
: perdemos o temporão, Marta
(marta me abraça, se agita)
dirijo-me à Marta que haja em Maria, que tenha perdido
diria que sinto se fosse Antonia
se fosse minha a rua e ladrilhos a veritas-mágoa
será para ali logo sinto que abraço
(garçom, mais três chances na mesa em latim e fechamos)
que sei eu agora? esse invento
nada
que sei eu ainda? não tudo, belezas do ouvido jovem
florete de água afastando o ar das jangadas
o inseto turquesa pousado no cílio

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Adriane B.,
São Paulo, Brasil
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