“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

OUTRO INDIGENTE



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Murmúrios
da fome.

Palavras nulas.

Sem travessão,
sem interrogação,
sem exclamação,
vírgula...
Com ponto final.

Palavras
emudecidas.

Apenas
um olhar,
driblando-as.

a do Retirante
cambaleante.

Sem prumo,
sem rumo,

Arrastando,
o que lhe resta.

Na fresta da vida,
na sarjeta.

cai.

Sobre o ombro,
o peso do olhar,
extático.

Olhar refletido,
na vitrine
do bar,
no mar.

Por passantes;

é pisado,
cuspido,
humilhado.

um corpo;

alheio,
inerte,
caído.

Óbito refletido
na vitrine do bar,
refletindo...

um morto,

velado
pela brisa
do mar.


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José Silveira,
Niterói, Rio de Janeiro,
Brasil
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