“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CANTIGA DO FUNDO DO POÇO





http://www.clesioboeira.com/meump3/julio.mp3


Procuro pela moeda
perdida no fundo do poço.
Não demora amanhece
e os desejos vão todos dormir exaustos.

Amigo, amiga:
- Procuro pela moeda,
mas vejo apenas meu rosto
no fundo do fundo do poço,
banhado de luas antigas,
vinte anos mais moço.

Procuro pela moeda,
Amigo, amiga...
E lá se vão vinte anos
no rastro de tantas mortes,
no fundo desta cantiga.

Procuro pela moeda
já gasta de tantos desejos:
vasculho pedra por pedra
e nem sinal da moeda
entre os escombros que vejo.

Amigo, amiga:
- Vinte anos mais moço
procuro pela moeda
no fundo desta cantiga
(cantiga dos afogados
que dormem no fundo do poço).


________________________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
declamado pelo poeta José Silveira,
Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
__________________________

3 comentários:

  1. Silveira, meu irmãozinho, eu te adoro. É só o que eu posso dizer.

    um beijo.

    saravá!!! mas que o meu corínthians não entregue o jogo pro teu flamengo. aí é sacanagem.
    te adoro, irmão.

    j.

    ResponderExcluir
  2. legal que tenhas gostado cara. valeu eu ter tomado emprestado seu poema. dos ditos por mim, foi um dos 'mais grandes' gostos até hoje.
    beijo irmão.
    Silveira

    'acho que vai dar urubuzada'

    Saravá!

    ResponderExcluir
  3. Corínthiano também...bom saber!
    O que dizer aos dois? A beleza de sua poesia Júlio é coisa pra se guardar no peito.
    E com o José declamando isso virou quase um desaforo ao pé do ouvido! De lindo que ficou.
    Parabéns aos dois!

    Vania Lopez

    ResponderExcluir

Compartilhe o Currupião