“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

LAMENTO DO EU INDIGENTE



trago uma lua de plástico barato
escondida no branco do olhar
um breviário em latim na mão direita
na esquerda uma revista de mulher nua
dividido entre a oração & o desejo - sigo
o meu caminho sem nada esperar de mim

não preciso de óculos para ler os escuros
sei de cor todas as madrugadas por onde andei
sou grato pelas esmolas que me deram
só careço de alguém que me empreste algum remorso
para eu pagar as minhas multas

se eu morresse agora levava apenas
uma calça velha uma camiseta
um par de sandálias de lona & uma úlcera gástrica
os sonhos não - deixava todos por aqui mesmo
: bagagem demais me incomoda


10-05-12

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Um comentário:

  1. LAMENTO DELL’IO INDIGENTE

    Tengo una luna di plastica scadente
    nascosta nel bianco dello sguardo
    un breviario in latino nella mano destra
    nella sinistra una rivista di donne nude
    diviso fra la preghiera & il desiderio - proseguo
    il mio cammino senza sperare niente da me

    non ho bisogno di occhiali per leggere l’oscurità
    so a memoria tutte le notti in cui sono passato
    sono grato per le elemosine che mi hanno dato
    mi manca solo qualcuno che mi presti qualche rimorso
    perché possa pagare le mie multe

    se io morissi ora porterei appena
    un vecchio pantalone una camicia
    un paio di sandali di tela & un’ulcera gastrica
    i sogni no – li lascerei proprio tutti qui
    : troppo bagaglio mi disturba

    (tradução de Manuela Colombo)

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