“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

NOTURNO DA RUA MARTINIANO DE CARVALHO

um poste calado
em sua dura solidão
de poste

uma calçada ador-
mecida em seus
buracos

uma igreja fechada
sem ouvidos para
orações ou milagres

um casal em de-
lírio que se ama
no muro

um latido de cão
um carro que
passa

um homem trôpego
que sonha navios
perdidos no mar

uma lua no céu
sem nenhuma
importância

um segundo homem
andrajoso que insiste
em viver

(de bicicleta a morte
passa assobiando um
samba-canção)

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
______________________

2 comentários:

  1. Ju, a morte ronda...mas, teu poema é cheio de vida.Beijo doce.

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  2. ká,

    um retrato noturno desta rua que um dia você vai conhecer.

    outro beijo doce,

    ju

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