“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

sábado, 3 de abril de 2010

AUTO-RETRATO

só por acumular erros antigos
já nem dou conta que a velhice é fato
ao longe avisto amadas e amigos
todos sorrindo no mesmo retrato

não temo a morte nem temo castigos
vou procurando manter-me sensato
planto maçãs onde nasciam figos
se hoje ressuscito amanhã me mato

torto é meu andar como este soneto
pouco se me dá se é de pé quebrado
a linha reta transformei em arco

não quero regras nem branco no preto
sou absoluto não troco de lado
navego só por conta do meu barco

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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4 comentários:

  1. "não quero regras nem branco no preto
    sou absoluto não troco de lado
    navego só por conta do meu barco"

    então, pois é também gostei :)

    grata por seu bem-vinda

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  2. Espetacular
    Ser sem medo de contradizer
    Adorei!

    beijinho Isa.

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  3. misteriosa yvy,
    tudo o que escrevi neste soneto, embora nem sempre meus escritos sejam autobiográficos - esforço-me para isso -, é a minha mais pura verdade. não retiro uma palavra ou letra.
    carinho,
    j.

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  4. isa,

    este soneto não é tão novo, mas lhe posso garantir que continua atual. na minha idade, não há muito que mudar.

    afeto,

    j.

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