“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

SONETO INGLÊS DO MEU TEMPO


Aos meus pais, em memória.


neste meu tempo triste habita um velho
que por crer na sua fantasia envelheceu
abraçado aos cacos finos do espelho
riu-se da morte que o acaso lhe deu

seu casarão em tijolos um templo
mas veio outro tempo e mal o sucedeu
e servindo sempre de mau exemplo
escreveu nós onde devia ser eu

sendo um foram tantos os cadáveres
que de envergonhada a morte enrubesceu
escondida no colo das árvores
quando inda havia campas em mármore

com seus anjos tristes que a terra comeu...
(quem foi que roubou aquele tempo meu?)

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Júlio Saraiva
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