“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

POEMA PINTADO A DESENCANTO

tenho asas mas não sei mais como se voa
agora também pouco me importa saber
tomei pavor de altura
e penso que os pássaros existem apenas
na minha imaginação doente

tive um sorriso mas não me perguntem como
um dia eu o perdi na infância
vasculhei tudo o que pude
enfrentei ventos desafiei tempestades
sonhei sonhos que não devia na esperança
de encontrar meu sorriso
não o encontrei e com raiva prometi
nunca mais procurá-lo

tive o hábito de colecionar milagres
mas numa noite de desespero rompi com os
santos todos
deus com ódio de mim colocou-me
no banco dos réus antes do juízo final
se fui condenado ou não
até hoje ninguém me falou
mas acho que devo ter sido
porque vai dia vem dia descubro
que ainda continuo vivo
perdido no cu desta vida



13-08-12
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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