“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

SONETO MALCRIADO



não - não me peçam mais poemas de amor
respeitem meus versos desesperados
tão mal sucedidos esculhambados
por deus me façam este grande favor

deixem-me mudo com os meus palavrões
pois é deste jeito que eu me sinto bem
a poesia que faço é puro desdem
as palavras doces enchem-me os culhões

basta-me apenas o ar que respiro
de uma vez por todas foda-se o resto
que importa saber se presto ou não presto?

não sei escrever... apenas atiro
no fim da briga saio são e salvo
dane-se aquele que errou o seu alvo


17-05-12

_____________________
Júlio Saraiva
São Paulo, Brasil
______________________

2 comentários:

  1. Concordo com você: cada amor é uma coisa íntima demais, por que expô-lo ao público?
    Eu gosto mais dos seus “versos desesperados/ tão mal sucedidos esculhambados”.
    Presto-lhe aqui a minha homenagem traduzindo o seu “Soneto Malcriado”.

    SONETTO MALEDUCATO

    no - non chiedetemi più poesie d’amore
    rispettate i miei versi disperati
    così mal messi sgangherati
    per dio fatemi questo gran favore

    lasciatemi muto con i miei paroloni
    perché è così che io mi sento bene
    la poesia che faccio dallo sdegno viene
    di parole dolci ne ho pieni i coglioni

    a me basta appena l’aria che respiro
    una volta per tutte si fotta il resto
    che importa sapere se riesco o non riesco?

    non so scrivere… appena mi scaglio
    in fin dei conti ne esco sano e salvo
    all’inferno chi ha fallito il suo bersaglio

    (tradução de Manuela Colombo)

    Abraço

    Manuela

    ResponderExcluir
  2. magnífico. e ainda rimou.obrigado,obrigado mesmo.

    j.

    ResponderExcluir

Compartilhe o Currupião