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domingo, 31 de outubro de 2010

QUASE POEMA

este eu dedico para sofia costa madeira, minha amiga portuguesa


a poeta hilda hilst
cercada de seus cães
lia poemas de amor na sala
sem que ninguém a entendesse

a poeta ana cristina cesar
atirava-se do 7° andar
do apartamento onde morava
no rio de janeiro
(tinha só 31 anos
e era linda
:morreu sem saber que foi
meu amor platônico)

o poeta álvaro alves de faria e eu
bebíamos conhaque vagabundo
no bar costa do sol
na rua 7 de abril
em frente à redação do diário da noite
onde trabalhávamos
e que hoje não existe mais


era outubro de 1983

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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4 comentários:

  1. Muito obrigada, Júlio. Diria quase cinematográfico, esse quase poema de 1983, ou de como os filhos das artes são sem dúvida imunes à vulgaridade.
    Abraço,
    S.

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  2. dê uma olhada nos poemas do meu amigo álvaro alves de faria, que aliás deve estar por portugal lançando um livro. ele tem publicado muito aí. acho que é o mais português dos poetas brasileiros. aliás, quando sophia breyner morreu, ele estava em lisboa. trancou-se num quarto de hotel e escreveu um livro lindo de poemas pra ela.

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