“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

4 POEMAS LITÚRGICOS

Para João Tomaz Parreira


INTRÓITO

As palavras vibram.
O Sol enche o Céu de exclamações.
Nós, náufragos desde a Criação,
Esperamos pela barca
Que nos levará de volta ao Caos.


KYRIE, ELÉISON

Sem terra
Sem trigo
Sem pão.


OFERTÓRIO

Dedos compridos, mãos engelhadas.
Sobre manchas de vinho, migalhas de pão.
Um pássaro canta sem se fazer notar.
Corpo nu deitado na relva.

- Momento lindo!


COMUNHÃO

O pão ázimo
dos aflitos
amarga
em minha boca.

_____________________________
Júlio Saraiva
São Paulo, Brasil
_____________________________
S

2 comentários:

  1. Tempo,
    pão passado
    vinho amargo dos meus sonhos
    gotas que sangram n'alma
    e não há comunhão
    quando o que somos é solidão
    em plenitude, atmosfera e ilusão.
    Somos um reino mal reinado de nós,
    mas este é só o meu reflexo
    no copo de vinho que me absorve.

    Adorei o teu poema, amigo poeta e, gostei mais ainda das células do meu corpo que ele desordenou para consertar algumas coisas em mim...inconsertáveis! beijos

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  2. 4 POEMI LITURGICI
    Per João Tomaz Parreira


    INTROITO

    Le parole vibrano.
    Il Sole riempie il Cielo di esclamazioni.
    Noi, naufraghi dalla Creazione,
    aspettiamo la barca
    che ci porterà indietro al Caos


    KYRIE, ELEISON

    Senza terra
    senza grano
    senza pane.


    OFFERTORIO

    Dita lunghe, mani rugose.
    Sopra macchie di vino, briciole di pane.
    Un uccello canta senza farsi notare.
    Corpo nudo sdraiato nell’erba.

    - Che bel momento!


    COMUNIONE

    Il pane azzimo
    degli afflitti
    si fa amaro
    nella mia bocca.

    Do caos ao caos... sem esperança!

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