“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

PARA LER OUVINDO UM TANGO

gosto quando me fisgas com as tuas fugas
e sem querer querendo corres e me escapas
procuro-te em vão nos imaginários mapas
perdidos no meu rosto coberto de rugas

tal como num tango me sangras e me sugas
envolves o meu corpo nessas negras capas
tecidas em cetins ou ordinárias napas
restos de funerais que por bom preço alugas

gosto quando me matas a lentas facadas
e no dia seguinte surges em sorrisos
depois de reduzir-me a todos os nadas

me cobres a boca  com beijos tão precisos
oferecendo-me o bom mel das madrugadas
que eu faço que apago todos os prejuízos

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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2 comentários:

  1. é um poema precioso, o cuidado na escrita, o tango fica-lhe perfeito. há o foge-foge da sedução, a rima é natural, as palavras escolhem-se nessa mapa imaginário em que caíamos logo depois do primeiro verso. já é um clássico.

    um abraço

    mário

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  2. mario,

    o currupião está saudoso de você.
    obrigado pelo comentário, amigo.

    j.

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