gosto quando me fisgas com as tuas fugas
e sem querer querendo corres e me escapas
procuro-te em vão nos imaginários mapas
perdidos no meu rosto coberto de rugas
tal como num tango me sangras e me sugas
envolves o meu corpo nessas negras capas
tecidas em cetins ou ordinárias napas
restos de funerais que por bom preço alugas
gosto quando me matas a lentas facadas
e no dia seguinte surges em sorrisos
depois de reduzir-me a todos os nadas
me cobres a boca com beijos tão precisos
oferecendo-me o bom mel das madrugadas
que eu faço que apago todos os prejuízos
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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é um poema precioso, o cuidado na escrita, o tango fica-lhe perfeito. há o foge-foge da sedução, a rima é natural, as palavras escolhem-se nessa mapa imaginário em que caíamos logo depois do primeiro verso. já é um clássico.
ResponderExcluirum abraço
mário
mario,
ResponderExcluiro currupião está saudoso de você.
obrigado pelo comentário, amigo.
j.