o essencial não é a metáfora viva
nem o cortar dos pulsos nem a recaída
porque o essencial não é o luxo descarado
nem o sarampo ou cuspir para o lado
porque o essencial é não trazer brancos, os cabelos,
e na impossibilidade, pelo menos, tê-los
porque o essencial é montar a adolescente
e esconder a Obra de toda a imensa gente
porque o essencial é negar três vezes Cristo
e chamar o empregado – de lado –
e exclamar: - Quem fez isto?!
porque o essencial é a metafísica em acto
e ser bicho cruel - cobra ou rato –
porque o essencial é dar nas vistas e causar frisson
e fazê-las subir as escadas do hotel – n’est pas, garçon?
porque o essencial é largar tudo e sair para a estrada
e no caminho tropeçar em deus e não dar por nada
com a cabeça erguida e o pérfido riso
de quem já tudo viu e perdeu o juízo.
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Mario Osorio
Lisboa, Portugal
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obrigado pela publicação do poema no «Currupião», júlio.
ResponderExcluirum abraço
mario
a arte é da drica. e o poema uma das coisas mais lindas que já li.
ResponderExcluirj.