“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

NERUDA

depois da fabricação do amor contigo
perdi-me em ruas diagonais, entre as pessoas cinzentas
e meu corpo ainda quente, sob a chuva

a água veio sobre mim, lúcida
sem que eu sentisse
o cais verde-arrombado frente ao rio
entre as pessoas cinzentas
e meu corpo ainda quente
depois da fabricação do amor contigo

e o rio dilacerava meu coração aberto
nas margens comprimidas do encanto-azul
despertando l'oeil de dieu, nossas ruas cinzentas
onde caminho só
sob a chuva

e tu sabes como sempre sinto esse perfume, como se fosse
um poema escrito por Pablo Neruda

depois da fabricação do amor contigo

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Mario Osorio,
Lisboa, Portugal
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Um comentário:

  1. Um belíssimo poema, Mario. Aproveito para agradecer pelo comentário que fez para a timidez do meu "de Ofício". Abraço e admiração.

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