o poema deixa-se esparramar
na poltrona rasgada
imprestável
destinada ao lixo
última flor do lixo o poema
a merda sente nojo do poema
embora o poema seja a alma podre da merda
o poema faz um tour pela cracolândia de sampa
o poema desaba
na sarjeta
o poema grita pela boca
dos que
desabam
na sarjeta
o poema respira o hálito que sai
da boceta da puta mais fodida do parque dom pedro
o poema atravessa a zona do mercado municipal
o poema vai desaparecer
definitivamente
nas águas do tamanduateí
numa sexta-feira à tarde
debaixo
de um temporal
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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nossa....existem verdades que podiam nunca serem ditas....
ResponderExcluira gente vê o tamanho do estrago!
júlio, uma forma diferente de o dizer, é verdade mas mesmo assim está engraçado. muita asneira á mistura mas este aprovo
ResponderExcluirÉ o olhar do poeta que nunca deixou de ser jornalista, cumprindo seu dever de relatar a história da humanidade da qual é testemunha. Brilhante, preciso e comovente. Nelson Townes, Porto Velho, Rondônia, 18 de junho de 2010.
ResponderExcluirwalkyria, flávio e nelson (meu velho companheiro de tantas andanças pelo jornalismo e pela noites de são paulo),
ResponderExcluiragradeço a vocês pelos comentários. sejam sempre bem-vindos a este espaço.
afeto,
j.