O escuro pesando nas copas,
a bolsa de tinta membrana remando seu polvo, eras assim
perfeito eu perfeita contra o equilíbrio das folhas
antes do raio
Embora eu não saiba eras ainda
na testa incendiada de sombra
aquilo que apago molhando nas costas da mão
Costas ao lado
cúmplice farta e farto sem rosto
eras, como quem larga da faca o visgo dum crime
: a luta anônima
Como quem pisa descalço no pátio
do sono
lavado por arrebentar uma fábula
Reajo à dormência do pó
à prata reajo a soma dos planos
Embora eu não saiba o escuro pesado
sussurras em mim
a espécie de fato que somos
"Somos um fato"
repito como quem fala
pesado no sonho: fui tudo e tudo e tudo
e perco o sonho
Depois
perderia o raio
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Adriane B.,
São Paulo, Brasil
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li. agora o poema me fez cúmplice. 'Embora eu não saiba o escuro pesado' e nem ter sido envolvido fielmente pela penumbra 'somos de fato' entorpecidos pela luta e pelos sonhos.
ResponderExcluirde fato esta é uma escrita da Adriane.
para se ler e reler até descobrir o mistério da perfeição e a intimidade dos seus versos.
Silveira
Por vezes perdemos o sonho, mas o raio do raio é mais difícil de perder. Mata. Como se perde a morte que o raio nos traz? Talvez "molhando nas costas da mão".
ResponderExcluirAbraço,
Laura
Silveira, amigo
ResponderExcluirobrigada por vir e pela cumplicidade da leitura. Forte abraço.
Laura, caríssima
ResponderExcluirembora eu não saiba, talvez molhando nas costas da mão, talvez repetindo, ainda que em sonho: fui tudo. Sempre muito bom tê-la aqui. Um beijo.