"O que pretendes me dizer?
Cuidado, filho, o chão alucina."
- Fabrício Carpinejar -
O excesso: tua fumaça sem filtro
que parte no dente um fio de rosário.
Espalham-se contas no chão e outras manhãs
cospem cinza em cortejo
à dor de enterrar tua dor na reza dos dedos.
Uma falha de unha agora
o excesso que foste nas mãos como duas estátuas
sem branco possível passado.
Como esfregar tuas mãos e dormi-las para sempre, ao mesmo tempo?
Aquilo que pousa na água transforma-se em poça
e umedece o caminho
de uma fissura no lábio esquerdo.
Há esperança onde desmorona uma escultura seca?
Que corredor interminável de ecos
diria a meu pai sem perder-me como um labirinto,
sem chamá-lo Pai, antes de tudo ou baleia perdida da outra?
Há esperança por último
Há esperança no meio da boca
Não disse ainda o início, há esperança.
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Adriane B.,
São Paulo, Brasil
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