“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

HOMENAGEM A VINÍCIUS DE MORAES

Corria o Ano da Graça de 1913, quando a 19 de outubro Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes veio ao mundo no bairro da Gávea, Rio de Janeiro. Mas passou quase toda a infância na Ilha do Governador. E ainda na infância, acompanhado da irmã mais velha, foi ao cartório e - não se sabe como - conseguiu convencer o tabelião a lhe reduzir o nome. Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes ficou sendo Vinícius de Moraes.
Poeta, compositor e diplomata. Apóstolo da paixão e homem do mundo. Cassado de suas funções diplomáticas pelo ato institucional n° 5, o AI-5 de triste memória, por meio de um breve e estúpido despacho do não menos estúpido e cretino general Arthur da Costa e Silva, uma réplica de asno embrulhado em farda, segundo presidente da ditadura militar instalada no Brasil a partir de 1964: "Demita este vagabundo", dizia o despacho, misteriosamente desaparecido e até desmentido hoje pelos cúmplices da ditadura que ainda vivem.
Aposentado compulsoriamente, o "vagabundo" continuou sua missão, espalhando pelo mundo poemas e canções, porque do ofício de poeta nem a morte tem poder para demitir quanto mais um miserável general. Vinícius passou desta a 8 de julho 1980, no seu Rio de Janeiro, já não tão seu e um tanto diferente. Morreu na banheira de sua última casa, ao lado do amigo e parceiro Toquinho e de sua nona mulher, Gilda. Da morte em "O Deve e o Haver", ele escreveu: "Ela virá me abrir a porta como uma velha amante/Sem saber que é a minha mais nova namorada." O jornalista José Castello, maior biógrafo de Vinicius, conclui seu livro "O Poeta da Paixão" assim: "Vinícius de Moraes viveu, amou, escreveu, cantou para fugir da morte. Para negá-la. Todos nós fazemos o mesmo. Mas só um se chamou Vinícius de Moraes."
Algo mais a dizer?

Júlio Saraiva

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