"Sei de passado e de porvir, quanto um homem pode saber.
Conheço enfim o meu destino e a minha origem.
Nada me sobra para profanar, nada para sonhar."
- Giuseppe Ungaretti -
nada mais espero de mim
nada mais espero de ti
a manhã que acontece lá fora
é igual a todas as outras que vivi
um poeta não se constrói apenas
com boas intenções
também o amor não vive
só de boas intenções
perdão: não me interessa mais
saber que dia é hoje
da janela vejo com tristeza
as crianças que brincam na praça
hoje entendo que a minha poesia
foi um exercício de inutilidade plena
vivi meio século dividido
entre o ócio e o desespero
desci ao inferno várias vezes
fui o morto esquecido que ninguém reclamou
abusei de mim quando não devia
demorei a descobrir que em todos os carnavais que inventei
fui eu apenas eu o grande folião
o destaque maior dançando comigo mesmo
nos bailes de mascarados
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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forte extravasar de lembranças...
ResponderExcluirquando a gente dobra a curva dos cinquenta anos, começa a escrever memórias. começa a viver, aos poucos, das lembranças do que fomos e do que deixamos de ser.
ResponderExcluircarinho,
j.