“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 3 de maio de 2010


http://www.youtube.com/watch?v=Ml6TeafD0n8
perdoa-me
sabes como sou covarde
e não vou a cemitérios
perdoa-me
perdoa-me desta fraqueza
de homem já velho
que olha numa moldura na sala
o menino que fui
querendo sempre o teu colo
hoje teu nome não é ausência
é lembrança
o teu menino está mais triste
com os olhos voltados para o mar
como a tela que um dia mandaste pintar
(lembras-te?)
nossa casa pertinho do parque
não existe mais
a rua mudou ou morreu (quem sabe?)
e o pai com o olhar tão severo mas bom
também hoje é memória
meus cabelos na frente rarearam
a barba que deixei crescer e que não gostavas
está branca
ainda abuso demais da bebida e do cigarro
- fragilidades de homem não contam -
no teu dia mãe therezinha
peço-te que me desculpes pelos poemas sem jeito
apinhados de palavrões que escrevi
pela minha descompostura com as visitas na sala
e pela minha falta de deus
peço-te que ignores as mulheres todas que amei
e jurei sem cumprir amor eterno
hoje que o teu nome é lembrança
eu queria ir às nuvens e colher o impossível
um pouco do teu ombro do teu mimo
mas vou ficando por aqui sonhando o impossível
te amo

2 comentários:

  1. uma poesia de coração aberto.

    um abraço fraterno,

    mário

    ResponderExcluir
  2. amigo mário,

    a vantagem das tristezas,das ausências, dos lutos e nos trazem também a poesia, que serve de consolação.

    abração, amigo.

    j.

    ps: obrigado pela postagem do meu soneto de adeus ao soneto.

    ResponderExcluir

Compartilhe o Currupião