“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

terça-feira, 11 de maio de 2010

RESPONSO I

A cor roxa dos cuidados
bate à porta para
anunciar quaresmas.

A cor roxa dos  cuidados
fala pela boca
álgida do medo

(O medo é sonâmbulo como os rios...)

A cor roxa dos cuidados
recita o Dies Irae
e os cães ladram

A cor roxa dos cuidados
está sempre a nos dizer
                        - Cuidado!

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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3 comentários:

  1. Júlio,

    dos mais encantadores que tenho lido. simples, cénico, mas de uma subtileza, de uma expressão tão fina e lisa; o final, o «-cuidado!», lembrou-me a ironia dos filósofos antigos, a sabedoria dos orientais com as suas histórias zen. fez-me sorrir de espanto. é dos meus preferidos.

    vou colocá-lo no fumo do cigarro.

    um abraço

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  2. mário e bruno,
    vocês bem sabem do carinho e da admiração que tenho por vocês e pela poesia séria que escrevem e nos oferecem. vou copiar vinícius, não tem jeito: "Se todos fossem iguais a vocês..." ah, eu garanto que a poesia não seria tão machucada.obrigado por partilharem comigo.

    j.

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