há uma mulher que talvez me ame
escondida numa cidade qualquer do meu país
não sei no entanto se terei tempo de amá-la
ou mesmo conhece-la
não a quero vítima do meu desassossego
se ao menos eu lhe soubesse o nome
ou o endereço - nem que fosse o de um parente próximo
escrevia pedindo-lhe que me esquecesse
gostaria de informá-la que tenho as malas feitas
basta um gole de coragem
há uma mulher que talvez me ame
mas eu não quero que ela siga o meu caminho
meus dias ficaram mais curtos - o que me põe aliviado
cansei das palavras que anos a fio me perseguiram
fartei-me de construir versos
formas/sílabas nada disso me interessa mais
tenho corredores imensos a percorrer
vou terminar no mesmo labirinto - sei disso
há uma mulher que talvez me ame
sem pedir qualquer ternura em troca
sem esperar que eu lhe dê sequer uma jóia barata
ou poemas que já não faço mais
arrependimento também não me pede
manda dizer que eu tranque minhas culpas no armário
e guarde o copo de veneno que tenho sobre o criado-mudo
para o 5º domingo depois de pentecostes
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Eis aí uma inspiração, uma cisma.
ResponderExcluirAmar não amo, meu coração está
com um residente há 10 anos,porém
posso amá-lo como filho de Deus.
Gorda nunca fui, sempre fui frágil,
atleta no auge da vida, hoje sou
como meu poema Mulher comum.
http://taniamarapoesias.blogspot.com
e outros (3 mais)
Costumo me identificar:
Tânia Mara Camargo (sua arqui inimiga, rsrsrsrs)