o poeta é aquele bicho perdido
de si próprio sobrevive acuado
peca pois já nasceu arrependido
do pecado sem conhecer pecado
por tanto amar acaba desamado
e o pranto que lhe cai vem encardido
porque sempre o apanham desarmado
o que lhe torna a vida sem sentido
ao despencar nos braços da poesia
prática que requer isolamento
vira criança sem discernimento
manda a escanteio toda teoria
e põe-se a mastigar seu excremento
como se fosse a mais fina iguaria
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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