Quero, de coração, agradecer ao meu irmão José Silveira, o Zé Brasileiro, como eu o chamo, pela homenagem feita ao poeta Adoniran Barbosa, cujo nome de fato era João Rubinato. Pedreiro, pintor de paredes e ator - e talvez o maior compositor de música popular de São Paulo. Criou uma linguagem própria, coisa que ele não fazia - o escrever errado. Rubinato, como eu o chamava, falava muito bem. Só não comprava cigarros, embora fumasse muito. A beleza que José Silveira, o poeta José Silveira, oferece-nos neste espaço é um encontro memorável dele, Adoniran, com a maior cantora do meu país - ou do mundo-, da qual fui vizinho um tempo, Elis Regina. Rubinato, que nasce por trágica coincidência, no mesmo dia que eu, 6 de agosto, já estava debilitado, pelo excesso do álcool e do cigarro. Morreria logo depois deste vídeo memorável. Mostrou à minha querida Elis, ou a Pimentinha como era chamada, pelo seu temperamento explosivo, o bairro do Bixiga, onde moro hoje. E ela, olhando os prédios que tomaram conta da avenida Paulista, agora o maior centro financeiro de São Paulo, cantou o samba Saudosa Maloca. O resto eles falam. Silveira já colocou com mestria Elis e Adoniran. Não digo mais nada. Ela canta, ele fala.
J.S.
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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