elis regina carvalho costa, ou só elis, era malcriada ao extremo. não tinha papas na língua e só cantava o que gostava. mas também sabia ser dócil, quase uma criança. pouco mais de um metro e meio de altura, soube erguer sua voz forte contra a ditadura militar implantada no brasil. sua risada, só quem ouviu e viu pode dizer, era gostosa e boa de se ouvir e ver. ria com a alma. mas que não a tirassem do sério. virava onça, apesar do pouco tamanho que tinha, não levava desaforo pra casa. foi a maior intérprete da música popular brasileira. e ao cantar Pra Dizer Adeus, com o arranjo magistral do maestro júlio medaglia, que junta o popular e o erudito numa coisa só, neste espaço postado, pelo poeta carioca José Silveira, mais do que amigo, irmão, porque me socorre também nestas horas difíceis, uma vez sou péssimo em computador, foi a única, com sua interpretação,que dispensa comentários - já haviam gravado esta canção antes - a perceber que torquato neto estava anunciando o seu suicídio. o que aconteceria um dia depois de completar 28 anos. com gás de cozinha. elis entendeu, com a inteligência e sensibilidade que tinha, que ali se escrevia a crônica de uma morte literalmente anunciada. que garcia márquez aqui me perdoe. não perderia o título. um beijo, elis.um beijo, torquato. carinho edu.
___________________________
j.s.
__________________________
são paulo, brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário