sou pixote a bater-me com
moinhos de tempestade
falo só pela cidade
como se estar calado
fosse um divino dom
guardo no bolso do colete
alguma lembrança quase boa
do tempo em que eu cria nas coisas
mais o retrato de um santo
e também um estilete
que de tanto ser passado
jaz agora enferrujado
eu brincava de erguer castelos
mas os castelos ruíram todos
e o rosto que eu tinha
sumiu no meio dos destroços
tolice procurá-lo agora
debaixo de tantos ossos
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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