"Não acorde o menino."
Drummond, no poema Infância.
Para Carlos Drummond de Andrade, com respeito.
minha mãe tinha ternuras antigas nos lábios
meu pai ensinava matemática
eu nunca aprendi a prova dos nove
mas na esquina da minha rua
que se chamava antônio bento
o bonde fazia seu ponto final
o motorneiro se chamava manolo
usava boné na cabeça - no pé não podia usar
ele era espanhol e falava em política com meu avô
que era português
eu que não sabia política
apenas sonhava....
um dia tiraram os bondes da minha rua
manolo foi embora
carregando franco nas costas
e eu me apaixonei por thais
um dia ela também foi embora
me trocou por menino bonito
meu avõ português morreu debaixo de um caminhão
eu vi
e por thais e por meu avô
na falta de coisa mais importante
virei poeta
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Júlio, parabéns por sua poesia, tem vida em suas palavras e tristezas em suas conclusões...Boas inspirações caro poeta...Abração...!
ResponderExcluirigor,
ResponderExcluircomo sempre vivo atrasado. obrigado pelo comentário.meu abraço, amigo.
j.