“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SOB A PEDRA DO SOL

"Acredito na salvação da humanidade,
no futuro do cianureto."
- Cioran -

sob a pedra do sol
o poema se decompõe
as casas se decompõem
as sombras se decompõem
as sobras se decompõem

sob a pedra do sol
as pedras dos meus dias podres
apodrecem também
as pedras dos vossos dias podres
apodrecem também
as paixões pichadas nas paredes
apodrecem também

sob a pedra do sol
espalhamos pavor e pânico
em anônimas cartas de condolências
timbradas com o fel do nosso ódio
e enviadas ao inimigo morto
com dez anos de atraso

sob a pedra do sol
todas as cores fazem escuro
fazem escuro
fazem escuro
todas as cores fazem escuro

sob a pedra do sol
cada vez mais longe da eternidade
toda decadência é bela

_________________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
_________________

2 comentários:

  1. vou compartilhar!!! adoro as dissoluções inesquecíveis!!!!!

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  2. salve, percival!
    compartilhe à vontade. o poema existe para isso mesmo.
    abraço grande,
    j.

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