Nada muda
Nada
A porta absurda
Trancada está
E nem fechadura
Tem.
Abro a janela
E estou emparedada.
Tijolos ao redor
E nada mais.
Se estou só?
Ouço apenas
A minha voz:
Eco sem vibração.
Comida fria,
Apenas água na geladeira
E essa dor e essa febre
Ardendo tanto a minha
Língua, íngua.
Não consigo me mover.
Pelo lado de dentro
Te reflito: aflito espelho
Que não me olha nos
Olhos.
A gaveta aberta
Está atulhada de você,
De palavras que morrem
E nunca morreram,
De desespero,
De vontades,
De tudo
Que
Cai
De
Mim
Quando
Não consigo
Fechar os braços
E te segurar
Dentro do meu corpo.
Afundo no
Sofá rasgado,
Nas almofadas
Sem cor, na casa
Sem paz.
Afundo no chão
Sem fundo,
Afundo
No amor.
Karla Bardanza
Rio de Janeiro, Brasil
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