ao poeta Dantas Mota, com respeito, em memória, pela alta poesia que nos deixou - consagro, num brinde de lua cheia
"Que sol triste, meu Deus? Sol do mundo
Pelos cemitérios de almas sobejas,
Que a terra em terra e céu repartem
E neles ficamos a sós, sem lã, balido, ovelhas."
(Dantas Mota, em Elegias do País das Gerais)
há uma mulher triste
& sem memória
que espera por mim
em frente ao lago verde
do parque ibirapuera
há uma mulher cansada
& triste
de tanto esperar por mim
não tem mais beleza nenhuma
as rugas
comeram-lhe a face
no entanto ainda é triste
e está a esperar
por mim
passou frio fome & sede
enfrentou mil tempestades
furacões fora de hora
desprezou partidos de bem
eram homens moços sérios
alguns com brasão de família
mas ela permanece ali
triste a esperar por mim
porque ainda ontem
bem cedo
na porta do ibirapuera
perdi a carteira de identidade
e o passaporte também
e não tenho como chegar
(era menina & dizem que foi bonita)
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Lindo acalento Julio, sofrido e sombrio, mas e a esperança, um dia quem sabe, há volta? Beijos.
ResponderExcluireste poema eu fiz pra você. e você sabe disso.
ResponderExcluirj