“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

MEU VERSO

"Meu verso é minha cachaça."
- Carlos Drummond de Andrade -


meu verso é capim seco
não há chuva que o console
meu verso brota do esterco
eu o bebo de um só gole

meu verso é feito de urânio
meu verso é feito de urina
meu verso é feito de esperma
meu verso é porrada no crânio
nunca sei onde começa
nunca sei onde termina

meu é de pouco riso
meu verso é melancólico
às vezes pode ser lírico
mas quase sempre etílico
de alto teor alcoólico

meu verso é alma penada
a vagar pelo cemitério
cantiga desafinada
meu verso é um caso sério

meu verso é minha mentira
e assim vai gravando em vídeo
queira ou não queira a lira
imagens do meu suicídio

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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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