"Meu verso é minha cachaça."
- Carlos Drummond de Andrade -
meu verso é capim seco
não há chuva que o console
meu verso brota do esterco
eu o bebo de um só gole
meu verso é feito de urânio
meu verso é feito de urina
meu verso é feito de esperma
meu verso é porrada no crânio
nunca sei onde começa
nunca sei onde termina
meu é de pouco riso
meu verso é melancólico
às vezes pode ser lírico
mas quase sempre etílico
de alto teor alcoólico
meu verso é alma penada
a vagar pelo cemitério
cantiga desafinada
meu verso é um caso sério
meu verso é minha mentira
e assim vai gravando em vídeo
queira ou não queira a lira
imagens do meu suicídio
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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