“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ESSAS MULHERES: A POESIA DE ADRIANE BONILLO, EUNICE ARRUDA E MARTHA MEDEIROS

MAIS MERIDIONAL

Adriane Bonillo

Há um frio me prendendo nas partes tenras
a segunda parte me gruda à geleira
Minhas botas de pedra polida
afundaram na areia aberta

Não sou mais de terra

tenho endurecido no uivo do frio
tenho emudecido
tenho medo do vítreo
e uma neve imunda corta-me o cio
desde os eixos torcidos dos olhos

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TAREFA

Eunice Arruda

cabe agora
morrer o corpo

dia a
dia ir

me desacostumando
do rosto
que eu chamava meu

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CORTE E LASER

Martha Medeiros

ela disse:
olha, se você quiser
faço uma massa que só eu sei
compro um vinho chocante
e durmo na sua casa esta noite

ele disse:
prefiro encomendar uma pizza
e assistir ao jogo do Grêmio
sozinho
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As poetas:

Adriane Bonillo e Eunice Arruda,
São Paulo, Brasil
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Martha Medeiros,
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
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