ontem ana pensei em cortar os meus pulsos
e morrer em sossego e só mais uma vez
e ver de mim todos os fantasmas expulsos
entregar-me à minha morte em total lucidez
um dia bem até que tentei ser poeta
a rima me vinha de repente num piscar
logo inventava uma qualquer paixão secreta
mas depois ana dava de me faltar o ar
é que em seguida ana eu sempre me perdia
e pra poder chorar tornava-me criança
chorava assim tão fácil por qualquer lembrança
que tenho na tristeza a derradeira herança
desta minha vida tão pobre tão vazia
que mesmo respirando morro a cada dia
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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me embriago nos talvez ...
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