“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

domingo, 7 de março de 2010

TOMBO

para Gisele ou Diana Balis, se ela assim preferir,
com seu sotaque carioca pesado, carregado nos esses e erres,
que me fazem bem aos ouvidos. ternura, consagro.


"Boa noite a todos
à minha chegada
sou mestra Diana
sou quem dou entrada
e a contramestra
madeira ela é
e o resto do bando
venha quem quiser."

Do poema Diana Pastora,
de Fernando Lobo,
com música de Mariozinho Rocha


tua alma safada colocou
o pé na minha frente
foi só por isso que caí
confesso que não sei dançar
a não ser na corda bamba
detesto polca prefiro samba
sofro de saudade de navios partindo
por isto estou sempre indo embora
tenho estas pilhas de livros
e o olhar impiedoso dos santos
a nos condenar ao fogo eterno
debaixo do cobertor azul
tuas pernas entre as minhas
mas nossas pernas não pensam
um gemido vale mais que mil poemas
depois corpos nus
dividem o cansaço do gozo
chuva suave só faz barulho lá fora
é por isso que sempre prefiro temporal
que caia de uma vez então

___________________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
____________________

2 comentários:

  1. o bamba-samba fez-me pensar que ias sair por aí a rimar. mas ficaste na chuva caindo, no lirismo suave. impossível não enternecer. impossível não ficar a ver os navios partindo ao longe.

    admirável

    abraço do
    mário

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  2. mário,

    esta rima de bamba com samba tá pra lá de batida por aqui rs rs rs... preferi deixar a chuva caindo sobre a musa. fica melhor. e a história do tombo é verdadeira. pra variar, eu tava de porre...rs rs...

    abração, irmão poeta.

    j.

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