tua ausência dorme no bolso de um colete cinza-inverno
esquecido na gaveta do meu guarda-roupa
nunca usei colete e mesmo que quisesse usar
este que abriga a tua ausência não me serve mais
eu bem podia livrar-me dele
dá-lo a qualquer um desses homens que vivem na rua
ou mesmo atirá-lo ao lixo
mas se o fizesse o que seria da tua ausência?
todas as manhãs quando abro a gaveta
lá está o colete cinza-inverno
lá está a tua ausência encolhida a exigir
de mim o remorso que não sinto
sofro de gostar de sofrer
e isto é mal que dizem não tem cura
a única solução seria estrangular a memória
mas ainda assim não sei se daria certo
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Júlio, quero um dia ser tão bom escritor como tu o é. Abraços.
ResponderExcluirQue beleza de poema!
ResponderExcluirEssa grandeza da ausência chega a doer.
Julio, gostei muito do que li por aqui, neste blog. Costumo apropriar-me de alguns poemas (com os devidos créditos, é claro) em uma página do Flickr onde publico algumas fotos. Permites-me abusar dos teus?
Marlene
marlene,
ResponderExcluirobrigado pelo comentário. pode usar e abusar do meu poema à vontade, sim. afinal, é para isso que escrevo. minha poesia não é minha, é de todos. já tive poemas meus publicados no Flickr. obrigado por divulgar minha poesia.
carinho,
j.
renan,
ResponderExcluirobrigado pelas palavras. mas não sou tudo isso. como qualquer outro escritor, tenho altos e baixos.
abraço,
j.
Querido Poeta,
ResponderExcluirDesde que descobri seu blog estou lendo tudo o que posso.
Estou encantada, com a clareza e força das suas palavras exatas,
despidas de adornos, que acertam o alvo.
Hoje, gosto de traduzir esta "Pequena Canção para uma grande Ausência".
Abraço, Manuela
PICCOLA CANZONE PER UNA GRANDE ASSENZA
la tua assenza dorme nella tasca di un gilè grigio-inverno
dimenticato nel cassetto del mio guardaroba
non ho mai portato gilè e se pure volessi portarlo
questo che accoglie la tua assenza non mi serve più
io potrei anche liberarmene
darlo a qualcuno di quegli uomini che vivono per strada
o addirittura buttarlo tra i rifiuti
ma se lo facessi che ne sarebbe della tua assenza?
Tutte le mattine quando apro il cassetto
là sta il gilè grigio-inverno
là sta la tua assenza ripiegata a esigere
da me il rimorso che non sento
soffro del piacere di soffrire
e questo è un male che dicono non abbia cura
l’unica soluzione sarebbe strangolare la memoria
ma anche così non so se funzionerebbe