este eu dedico para sofia costa madeira, minha amiga portuguesa
a poeta hilda hilst
cercada de seus cães
lia poemas de amor na sala
sem que ninguém a entendesse
a poeta ana cristina cesar
atirava-se do 7° andar
do apartamento onde morava
no rio de janeiro
(tinha só 31 anos
e era linda
:morreu sem saber que foi
meu amor platônico)
o poeta álvaro alves de faria e eu
bebíamos conhaque vagabundo
no bar costa do sol
na rua 7 de abril
em frente à redação do diário da noite
onde trabalhávamos
e que hoje não existe mais
era outubro de 1983
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
QUADRINHA À MODA DE FERNANDO PESSOA
nasci homem marcado pelo tédio
nenhuma solidão vai dentro de mim
pois solidão meu bem não tem remédio
só sei contar os dias do meu fim
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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nenhuma solidão vai dentro de mim
pois solidão meu bem não tem remédio
só sei contar os dias do meu fim
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010
SERENATA
suavelira
lucidaflormusicalma
ternuraminhamargurada
sustenidaurora
estreladormecida
serenamusa
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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lucidaflormusicalma
ternuraminhamargurada
sustenidaurora
estreladormecida
serenamusa
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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terça-feira, 26 de outubro de 2010
POEMA DESNECESSÁRIO
"Enquanto não dou fim a tudo
Me submeto à própria vontade de existir
Como se tudo fosse normal."
Do poema Auto-Retrato, do meu amigo Álvaro Alves de Faria,
dedicado, por acaso, a mim.
do 7° andar do prédio onde moro
penso num voo
sem paraquedas
mas morro de medo de altura
ontem avistei de novo a menina
nos seus 12 anos
andrajosa
o ventre já avolumado
uma tarde ela me pediu dinheiro
pra comprar um pão
melhor eu criar coragem e dar fim a tudo
vida de merda
país de merda
-alguém pode me emprestar
uma gilete?!
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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Me submeto à própria vontade de existir
Como se tudo fosse normal."
Do poema Auto-Retrato, do meu amigo Álvaro Alves de Faria,
dedicado, por acaso, a mim.
do 7° andar do prédio onde moro
penso num voo
sem paraquedas
mas morro de medo de altura
ontem avistei de novo a menina
nos seus 12 anos
andrajosa
o ventre já avolumado
uma tarde ela me pediu dinheiro
pra comprar um pão
melhor eu criar coragem e dar fim a tudo
vida de merda
país de merda
-alguém pode me emprestar
uma gilete?!
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010
RAPIDINHO
p/a bel
sou a única personagem das minhas histórias
por isso nunca me atrevi a escrever um romance
meu medo maior é que vou me matar no fim
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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sou a única personagem das minhas histórias
por isso nunca me atrevi a escrever um romance
meu medo maior é que vou me matar no fim
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
VÔMITO
ando meio esquecido de mim
ontem
sem querer me matei
com um copo de veneno
tive o cuidado de escolher
o melhor raticida
pensei em incendiar o apartamento
mas o síndico podia não gostar
como as lágrimas eram poucas
achei por bem voltar à vida
por que sofres tanto assim menino júlio?!
o dia lá fora é azul
puta que pariu por que sofres tanto assim?!
antes tivesses ficado no túmulo
junto aos teus mortos
qualquer lágrima vale uma morte
puta que pariu
por que sofres tanto assim menino júlio?!
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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ontem
sem querer me matei
com um copo de veneno
tive o cuidado de escolher
o melhor raticida
pensei em incendiar o apartamento
mas o síndico podia não gostar
como as lágrimas eram poucas
achei por bem voltar à vida
por que sofres tanto assim menino júlio?!
o dia lá fora é azul
puta que pariu por que sofres tanto assim?!
antes tivesses ficado no túmulo
junto aos teus mortos
qualquer lágrima vale uma morte
puta que pariu
por que sofres tanto assim menino júlio?!
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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terça-feira, 12 de outubro de 2010
soneto de Vania
"Foi assim que da minha infinita tristeza
Aconteceu você...
Em você aprendi a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais...
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
(Sim, o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz)"
(Letra do poeta Vinícius com melodia do maestro Jobim)
em você me perco
em você me doo
em você me cerco
em você perdoo
em você eu peco
se a rima é a toa
em você me seco
no meio da garoa
em você sou homem
seu filho e amante
quando cinzas me consomem
de cinza tão distante
em você me morro
ah, vamos adiante!
Julio Saraiva
Aconteceu você...
Em você aprendi a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais...
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
(Sim, o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz)"
(Letra do poeta Vinícius com melodia do maestro Jobim)
em você me perco
em você me doo
em você me cerco
em você perdoo
em você eu peco
se a rima é a toa
em você me seco
no meio da garoa
em você sou homem
seu filho e amante
quando cinzas me consomem
de cinza tão distante
em você me morro
ah, vamos adiante!
Julio Saraiva
Garrincha (Julio Saraiva)
antes de agarrá-lo e colocá-lo no papel
sumia como uma miragem
esperei a noite toda
como se fosse meu primeiro encontro
se meus olhos vêem
minhas mãos sabem fazer
(onde nada demora a correr)
cheiro verde e quentro
não crescem em árvores
como a luz matinal
tocando a lata esverdeada
o sol escalando lentamente a montanha
envolve as rochas como manto
as ovelhas brilham como pérolas
vejo um Garrincha no seu olhar
(é quando o milho amadurece)
uma voz fina e clara
como a corda de um violino
a melodia dos passos
dos versos prateados
que ao som do violino
mantém o compasso
(os ventos todos se apaixonam por ti)
Vania Lopez
Esse poema nasceu em homenagem
ao querido Julio Saaiva
sumia como uma miragem
esperei a noite toda
como se fosse meu primeiro encontro
se meus olhos vêem
minhas mãos sabem fazer
(onde nada demora a correr)
cheiro verde e quentro
não crescem em árvores
como a luz matinal
tocando a lata esverdeada
o sol escalando lentamente a montanha
envolve as rochas como manto
as ovelhas brilham como pérolas
vejo um Garrincha no seu olhar
(é quando o milho amadurece)
uma voz fina e clara
como a corda de um violino
a melodia dos passos
dos versos prateados
que ao som do violino
mantém o compasso
(os ventos todos se apaixonam por ti)
Vania Lopez
Esse poema nasceu em homenagem
ao querido Julio Saaiva
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
NAS NUVENS
penso
pessoas como pássaros
espio
as espirais magras
do meu cigarro
e imagino nuvens
antigamente
naquele lugar bem alto
ficava o céu
(minha avó
me dizia que deus
morava dentro dele)
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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pessoas como pássaros
espio
as espirais magras
do meu cigarro
e imagino nuvens
antigamente
naquele lugar bem alto
ficava o céu
(minha avó
me dizia que deus
morava dentro dele)
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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terça-feira, 5 de outubro de 2010
UM DIA
ao eduardo roseira, poeta e irmão
"Me dá só um dia
Não mais que um dia
Que eu faço desatar
A minha fantasia...
Só um santo dia..."
-Da canção de Chico Buarque e Ruy Guerra, para a peça
Calabar Ou O Elogio à Traição, proibida, na época, pela
censura.
o dia por si é só o dia
e já não pesa em nossas costas
por ser só o dia
o dia
um dia
basta um dia
por isso é só um dia
podre como todos os dias
daqui
do outro lado do atlântico
onde meninas apodrecem de síficilis e aids
os os homens se riem com poucos dentes na boca
e as crianças têm fome e frio
o que escrever numa cruz de sal?
já não me faz mais gosto
olhar a moça bela
da janela
pra me mim basta um dia
___________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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"Me dá só um dia
Não mais que um dia
Que eu faço desatar
A minha fantasia...
Só um santo dia..."
-Da canção de Chico Buarque e Ruy Guerra, para a peça
Calabar Ou O Elogio à Traição, proibida, na época, pela
censura.
o dia por si é só o dia
e já não pesa em nossas costas
por ser só o dia
o dia
um dia
basta um dia
por isso é só um dia
podre como todos os dias
daqui
do outro lado do atlântico
onde meninas apodrecem de síficilis e aids
os os homens se riem com poucos dentes na boca
e as crianças têm fome e frio
o que escrever numa cruz de sal?
já não me faz mais gosto
olhar a moça bela
da janela
pra me mim basta um dia
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Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
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